23 outubro 2006

Dois anos

Setecentos e trinta contados dias.

Dualmente, passaram a velocidade relâmpago sem fazer com que o passado deixasse de estar aqui bem perto. Dois anos. Já, dois anos.


Sinceramente, tem dias que continuo a desejar voltar. Tem dias em que até os macchiatos do Starbucks da Peachtree com a 17th me fazem falta. E todos os dias me inconformo com esta vidinha mal vivida a que nos sujeita a tugalidade.

Digam o que disseram, os USofA nunca se me vão desgrudar da parede interior do ventrículo direito.

19 outubro 2006

Se eu não tenho o vosso email, não receberam :-)

Boa noite a todos,

Na sequência da aprovação, hoje, em Assembleia da República do referendo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, estou a reunir um grupo de indivíduos que defendam o ”sim” com o intuito de formar um movimento cívico nacional de apoio à descriminalização da prática do aborto.

Trata-se de um grupo não-político, aberto a todas as idades, credos e convicções políticas, que requer apenas duas condições de participação: a crença moral de que o aborto até às 10 semanas é um direito de escolha individual da mulher, que não deve ser penalizado judicialmente, e a convicção pessoal de que a mobilização cívica é uma forma válida de intervenção do cidadão na sociedade no sentido da mudança positiva.

O grupo que pretendo reunir não passará de um centro de encontro de indivíduos que partilham uma mesma convicção e que estão dispostos a agir socialmente no sentido dessa mudança. Estará, à partida, sedeado numa página online – blogue ou outra – e permitirá, além da troca de ideias, a organização de acções de mobilização e intervenção em defesa da aprovação em referendo da proposta de despenalização agora apresentada.

Caso te identifiques com os objectivos aqui propostos, basta responder ao email para que nos possamos organizar. Caso conheças alguém que acredites que se interessa pelo que aqui proponho, basta um forward.

Com um abraço,

M

Apolítica, leiga e humanista

Em Portugal, o movimento cívico que mais se tem destacado na defesa da despenalização da IVG é (precisamente) o Movimento pela Despenalização da IVG. O MDIVG é constituído por um conjunto de cidadãs intimamente ligadas ao Movimento Democrático de Mulheres e à CGTP e preconiza que esta alteração legislativa deveria ser realizada por iniciativa governamental e não por referendo popular.
Essa é uma das razões que me afasta do MDIVG, já que acredito que este é um dos temas a legislar apenas com o aval do expoente máximo do actual sistema democrático - aka referendo. Mas tenho para mim que o mais relevante pomo da discórdia entre a minha posição e a actuação destas senhoras é, sem sombra de hesitação, a politização - ou sindicalização - que têm conseguido atribuir ao tema.
Para mim, enquanto mulher soberana pelo seu corpo, é a minha própria convicção moral e humanista que orienta a minha decisão de sair à rua e ir de encontro ao público na tentativa de potenciar aquilo que considero correcto - a alteração da lei que pune como crime a prática do aborto.

Algumas informações úteis:

Posição do primeiro-ministro sobre a despenalização do aborto (vénia!)

As nove razões para despenalizar o aborto da Associação para o Planeamento Familiar

Dados sobre a legislação que regula a prática do aborto na Europa (actualizados em Fevereiro de 2004)

Posição da International Planned Parenthood Federation (IPPF) European Network sobre o aborto (e a minha própria) - "Abortion should be legal, safe and accessible to all women living in Europe."


Tã-tã-rã-tã-TÃ-TÃ!

É oficial. Este blogue e a sua dona (sit Bubu, sit) entram hoje em campanha cívica activa pelo apoio à aprovação em referendo popular da despenalização do aborto até às 10 semanas no país onde nasceram e actualmente residem e pagam impostos. Ou pelo menos eu pago, que o BN para já safa-se.

E - caiam-me já todos em cima, vá - eu sou pró-vida. Exactamente por isso é que sou pró-escolha.


17 outubro 2006

Making of...

O sol já se põe para lá das janelas dos Paços do Concelho, inspirando tonalidades douradas pelas paredes apaineladas. Atrás da secretária senta-se um homem de meia idade, franzino, de expressão franzida, que parece jogar à apanha com os polegares das duas mãos que se seguram compulsivamente em movimentos frenéticos. Está irritado e é óbvio que algo não lhe agrada.
À sua frente, na poltrona estofada a azul da direita, reclina-se um outro homem, mais jovem, que repousa um braço sobre as costas do assento enquanto apoia descontraidamente o tornozelo direito sobre o joelho esquerdo. Junto à janela da esquerda, em pé, um outro personagem masculino tem a mão apoiada no caixilho e a cabeça pendente sobre o peito, numa atitude de desistência pesarosa.
- É o melhor a fazer - afirma o jovem sentado na poltrona.
O homem que permanece de pé volta-se subitamente e, como que usando do seu último fôlego, exclama:
- Mas é um atentado!
- Qual atentado, qual quê! Atentado são aqueles palhaços! É que é já! Congelem-nos!!

Disclaimer: Qualquer semelhança entre este cenário e qualquer outra estória de guerrilha urbana pós-moderna será pura coincidência.

Sin tópico




Estuve mirando nuestras fotos hoy.


No lo hacía hace mucho tiempo. Pero el fin de semana pasado fuimos al bowling y me pesó mucho la saudade. Te extrañé como en ese día que nos dejamos. Mirando las fotos, el calor volvió. El calor de tu piel contra la mía, el calor de tu sonrisa espontánea, el calor de tus tonterías de niños, el calor de tu fuerza humana que me hacia tirarme adelante. El calor de tus lágrimas cayendo el mi mejilla en ese hijo de puta aeropuerto. El calor de mis lágrimas solitarias cayendo en mi escote al mirar mi país, por primera vez en un año, pero sin ti. En las puntas de mis dedos, al pasearlos sobre esas fotos, sentí el temblor de nuestro toque loco y viví de nuevo la explosión de nuestro amor.


Te extraño.


La Vida Es un Carnaval (Celia Cruz)

Todo aquel que piense que la vida es desigual,

tiene que saber que no es asi,
que la vida es una hermosura, hay que vivirla.
Todo aquel que piense que esta solo y que esta mal,
tiene que saber que no es asi,
que en la vida no hay nadie solo, siempre hay alguien.

Ay, no ha que llorar,
que la vida es un carnaval,
es mas bello vivir cantando.
Oh, oh, oh, Ay, no hay que llorar,
que la vida es un carnaval
y las penas se van cantando.


Todo aquel que piense que la vida siempre es cruel,
tiene que saber que no es asi,
que tan solo hay momentos malos, y todo pasa.
Todo aquel que piense que esto nunca va a cambiar,
tiene que saber que no es asi,
que al mal tiempo buena cara, y todo pasa.

Ay, no ha que llorar, que la vida es un carnaval,
es mas bello vivir cantando.
Oh, oh, oh, Ay, no hay que llorar,
que la vida es un carnaval
y las penas se van cantando.

Para aquellos que se quejan tanto.
Para aquellos que solo critican.
Para aquellos que usan las armas.
Para aquellos que nos contaminan.
Para aquellos que hacen la guerra.
Para aquellos que viven pecando.
Para aquellos nos maltratan.
Para aquellos que nos contagian.



Eso, me lo enseñaste tu. Por eso te sigo amando.


13 outubro 2006

Carochinha

Quem vai comigo passar um fim de semana a Barcelona em Abril do próximo ano por 64 euros?? Quem é, quem é? ;-)

Porque ainda há quem sinta assim

"Manter-me longe faz-me sentir como se me estivessem a desossar."

Consigo imaginar o som viscoso da carne que se separa do osso. Consigo visualizar o naco flácido de pele e músculo que pende inerte. Consigo sentir o grito insano de todos os nervos que desesperam de dor. Consigo.


AAAAHHHH!!!!

:-D

08 outubro 2006

Estamos sempre a aprender

Cistite da lua-de-mel. Nunca tinha ouvido falar.

01 outubro 2006

O quadro que me pintaste ainda vive na parede do meu quarto

- Estás magra.
- Não me vias há muito tempo.
- Demasiado.
- O necessário.
- Demasiado.
- São vidas que não se cruzam.
- Porque não queremos.
- Porque não podemos.
- Porque não queremos.
- Estás a repetir-te.
- Não me evites.
- Estou aqui.
- Por um mero acaso.
- Nada nos acontece por acaso.
- Procuramo-nos sem o sabermos?
- Nunca nos perdemos, pois não?
- Verdade. Continuamos a juntar-nos. E a regressar.
- Ao Bairro. Ao Guincho. Ao Mar do Guincho...
- Podemos regressar, sabes? Podemos sempre regressar.
- Nem sempre. Há sítios que desaparecem quando os abandonamos.
- Nunca me vais amar?

Chuviscava quando chegámos. O Guincho cheira ao mar de Inverno, ainda sem frio. Os beijos, esses, sabem ao Outono destas vidas que se desviam; têm a estonteante doçura do passado, a sôfrega rugosidade do inesperado, o aniquilante cheiro do efémero.

Amei-te. Ontem, amei-te. Hoje voltei; aqui. A um espaço onde, de alguma forma, não estás. O Guincho continuará sempre lindo e a Abrigada acolhedora. Teremos sempre tempos aonde regressar. A espaços. Os necessários.