O quadro que me pintaste ainda vive na parede do meu quarto
- Estás magra.
- Não me vias há muito tempo.
- Demasiado.
- O necessário.
- Demasiado.
- São vidas que não se cruzam.
- Porque não queremos.
- Porque não podemos.
- Porque não queremos.
- Estás a repetir-te.
- Não me evites.
- Estou aqui.
- Por um mero acaso.
- Nada nos acontece por acaso.
- Procuramo-nos sem o sabermos?
- Nunca nos perdemos, pois não?
- Verdade. Continuamos a juntar-nos. E a regressar.
- Ao Bairro. Ao Guincho. Ao Mar do Guincho...
- Podemos regressar, sabes? Podemos sempre regressar.
- Nem sempre. Há sítios que desaparecem quando os abandonamos.
- Nunca me vais amar?
Chuviscava quando chegámos. O Guincho cheira ao mar de Inverno, ainda sem frio. Os beijos, esses, sabem ao Outono destas vidas que se desviam; têm a estonteante doçura do passado, a sôfrega rugosidade do inesperado, o aniquilante cheiro do efémero.
Amei-te. Ontem, amei-te. Hoje voltei; aqui. A um espaço onde, de alguma forma, não estás. O Guincho continuará sempre lindo e a Abrigada acolhedora. Teremos sempre tempos aonde regressar. A espaços. Os necessários.
- Não me vias há muito tempo.
- Demasiado.
- O necessário.
- Demasiado.
- São vidas que não se cruzam.
- Porque não queremos.
- Porque não podemos.
- Porque não queremos.
- Estás a repetir-te.
- Não me evites.
- Estou aqui.
- Por um mero acaso.
- Nada nos acontece por acaso.
- Procuramo-nos sem o sabermos?
- Nunca nos perdemos, pois não?
- Verdade. Continuamos a juntar-nos. E a regressar.
- Ao Bairro. Ao Guincho. Ao Mar do Guincho...
- Podemos regressar, sabes? Podemos sempre regressar.
- Nem sempre. Há sítios que desaparecem quando os abandonamos.
- Nunca me vais amar?
Chuviscava quando chegámos. O Guincho cheira ao mar de Inverno, ainda sem frio. Os beijos, esses, sabem ao Outono destas vidas que se desviam; têm a estonteante doçura do passado, a sôfrega rugosidade do inesperado, o aniquilante cheiro do efémero.
Amei-te. Ontem, amei-te. Hoje voltei; aqui. A um espaço onde, de alguma forma, não estás. O Guincho continuará sempre lindo e a Abrigada acolhedora. Teremos sempre tempos aonde regressar. A espaços. Os necessários.
7 Somethin' Else:
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
Siiiiimmm???????? :-D
excelente título e bom texto. "Há sítios que desaparecem quando os abandonamos". cada vez mais acredito nisso, bj
Os quadros, os quartos, os beijos, os amores....
Foi no Guincho mas podia até ter sido noutra parte qualquer do Mundo; não escolhe tempo nem lugar nem coisa nenhuma. ainda que a espaços....
:) sorrio verdadeiramente.
Mil Beijos
"O quadro que me pintaste ainda vive na parede do meu quarto" - o título tinha um "toque" de "O retrato de Dorian Gray" mas depois vi que era um pouco ao contrário, nomeadamente porque "há sítios que desaparecem quando os abandonamos".
De facto, e por mais que muitas vezes não queiramos, as contas do tempo ficam sempre acertadas - só que às vezes temos a tentação de as tentar aldrabar...
"Teremos sempre tempos aonde regressar. A espaços. Os necessários."
Muito, muito bom! (como sempre, aliás).
PS - Repetindo-me: ainda bem que voltaste, os teus textos são "necessários", pelo menos cá para estas bandas...
Se os timmings determinam oportunidades, as essências mantêm-se.
No entanto, os locais desaparecem quando os abandonamos, como muito bem dizes, não pela falta da memória, mas porque de uma certa forma, deixamos de recordar os detalhes da decisão exacta que nos levou a vê-lo daquela forma.
Em grande forma.
Perfeito... O espaço, o tempo, o momento! Belo quadro... Retrato da vida de que não se despojam os lugares quando partimos despojados desses lugares.
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