29 setembro 2006

Democracy

Copyright: Chris Hondros, USA, Getty Images.
Samar Hassan cries seconds after US troops shot and killed her parents in an incident in Tal Afar in northern Iraq in January. Soldiers opened fire after the car driven by Samar's father failed to stop as it approached their dusk patrol. A US military statement said troops trying to halt the car used hand signals and fired warning shots before firing directly at the car, killing the driver and front-seat passenger. The town had only days before been the scene of a gun battle between US forces and local insurgents. As a defense against car bombs in many cities in Iraq, it had become standard practice for foot patrols to stop oncoming vehicles, particularly after dark. Five of Samar's siblings were in the car with her. All six survived, although her brother Racan was seriously wounded. US soldiers gave the children first aid before taking them to a nearby hospital.

Copyright: Scott Nelson, USA, for World Picture News.

On May 7 a suicide car bomb targeting a passing civilian contractor convoy exploded, killing 22 people and wounding more than 35 in a crowded Tahrir Square in central Baghdad. January elections in Iraq did not stem countrywide insurgency, which became increasingly sectarian. Predominantly Sunni insurgents targeted Shiite and Kurdish civilians in suicide bombings. A Pentagon report said that nearly 26,000 Iraqis had been killed or wounded in attacks by insurgents by October 2005.

O World Press Photo deste ano acaba de chegar a Portugal; até 22 de Outubro no CCB e entre 29 de Outubro e 19 de Novembro no Fórum Maia.

25 setembro 2006

Catching up

Começou tudo com uma das minhas travadinhas cíclicas, amuos crónicos, ou perdas-de-paciência extemporâneas, depende da versão que ouvirem. Estávamos já na época estival e o que daí resultou foi ter mandado o anterior empregador para trás das costas, apagado os números de telefone da médica de família do speed-dial e decidido mudar de vida; outra vez. Mas as malditas das contas têm o hábito de continuar a cair a coluna dos débitos, o que impunha a necessidade de ganhar dinheiro. Felizmente - quem tem amigos tem tudo - aparece caído directamente do céu das agências de recrutamento um emprego de Verão, por dois meses e meio, fácil, bem pago e conveniente. Profundamente funcionalismo-público [hei-vos escrever também sobre esta adição ao CV, assim haja tempo], mas uma nova experiência laboral, ainda assim, e com o bónus de que, além de satisfazer os custos mensais, ia deixar dinheiro suficiente para os pequenos luxos e para avolumar o fundo previsto para a próxima viagem.
Pois eis que, lançada que estou nas profundezas do marasmo laboral, surge o amigo de um amigo à procura de alguém com "o meu perfil". O dito do perfil era mesmo o meu e como o trabalho a sério tem a particular característica de não esperar por finais de outros contratos, eis que me vejo a acumular dois empregos por umas semanas que de curtas passaram as extensas. Doze horas por dia, milhares de quilómetros por mês, prazeres adiados, alta-rotação no relógio interno e o tempo foi-se-me fugindo, com mais pressa do que a que eu lhe pedia.
Ainda assim, destes dois meses ficaram dezenas de boas recordações, de momentos extraordinários e de happenings inusitados que, em versão semi-bullet-points-de-herança-americanada, aqui vos vou deixando, à laia de aperitivo e para que nunca possam dizer que vos esqueci... ;-)


Foi tempo de aniversário começado na melhor das companhias e terminado com o mais inusitado dos telefonemas (obrigada, linda!). Haja sentimentos sinceros e olhos que nos penetram até para lá de uma linha telefónica. Foi tempo de festa de aniversário rodeada de gente a quem quero muito, com quem partilho a minha vida há mais de uma década e com quem nunca me tinha divertido tanto de forma tão clean. Haja bolo de chocolate, velas douradas, champanhe francês e capacidade de nos rirmos de nós próprios.

Foi tempo de música: tempo de ouvir Stones - finalmente - ao vivo e tempo de ver Cats - finalmente - a cores. Foi tempo de perda, tempo de saudade da vida, da amizade e do amor de 2003. Tempo também do teu aniversário, meu amor. Tempo de ouvir a tua voz, de dizer as velhas piadas com nova graça e tempo de te amar desta forma tão serena que o futuro nunca apagará.

Tempo de ver amigos rumar a outras paragens, mas também tempo de ver regressar afectos que se julgavam extintos. Tempo de um Outono antecipado em que os ciclos dos sentimentos se parecem renovar em espirais de vento que depositam velhos envelopes há muito esquecidos na soleira do coração. Tempo de criar novos laços, de estreitar empatias, de descobrir outros mundos. Tempo de fazer crescer amizades e deixá-las passear pelos novos mundos dos sonhos que se começam a descobrir, como voos trementes de desejos até agora nunca intuidos.

Foi tempo de voltar a viajar por Portugal e pela Galicia, tempo de regressar ao Algarve - nove anos depois-, tempo de recuperar Vigo e o seu agito, tempo de renovar Afife e as saudades de outras juventudes. Foi tempo de Sasha Summer Sessions, de Fuck Me, I'm Famous, tempo de intermináveis festas, novas caras, espaços desconhecidos, sons surpreendentes.

Foi tempo de fénix para este portátil, que ardeu e voltou a renascer. Foi tempo de abrir uma Papagaio Sem Penas no Porto (e quando abrirem uma Mil Folhas por cá já deixo de ter razões para ir ao Colombo), tempo de comprar mais livros, mais filmes, de descarregar mais músicas. Tempo de escrever coisas sérias, versão-não-blogue-aka-self-explanatory. Foi tempo de reviver a dor daqueles que ainda choram quando ouvem 9/11.

Foi tempo de ter uma arma apontada à cara.

Foi tempo de me cruzar com a minha nova tatuagem.

Foi tempo de amar.

De viver, lá está, da única forma que sei; às golfadas e com desaforo.

É bom estar de volta, mas vai ser ainda melhor começar a viver-vos no plano do real, para onde já consegui trazer-vos quase todos. :-)

Bem-vindos, caso voltem. Não se assustem. É só o meu mundo.


Anormal

Tem dias que é o que me sinto.

Chego a casa com as aquisições do dia, que arrumo imediatamente; sacos para a gaveta, roupa para o cesto, comida para a despensa, livros para a estante, por aí fora. A caixa de madeira gravada a fogo que comprei na Natura vai directo para o quarto, onde a deixo num ângulo estranho, em cima da secretária, enquanto não realojo a pilha de dossiers e livros que entope o tampo.

- Que gira! Compraste um guarda-jóias novo?

- Hmmm... Não. É para as cartas, os abre-cartas e os lacres, para deixar aí ao lado dos copos dos lápis, uma espécie de caixa de conversas por escrito...

- Ahhh... Pensei. Deixa lá. É gira na mesma.

- ...

É bem mais gira do que se fosse para guardar quinquilharia fatela, digo eu! Feminilidade parva, alguém empresta um bocado? É que começa a fazer falta a alguém cá por casa. E não é a mim, com toda a certeza... :-P


24 setembro 2006

Feronomas

Há livros - como há homens, sempre - que nos agarram à primeira linha.

"Me he acostumbrado a ordenar los recuerdos de mi vida con un cómputo de novios y de libros."

in La Loca de La Casa, Rosa Montero


19 setembro 2006

Olhá' bela da gripe!

É a 100, é a 100!!

Cabrão do bicho... :-S

13 setembro 2006

At gun point

Só hoje percebi o que é o medo. O medo físico, agressivo, imediato, paralisante, atordoante, incapacitante. Não é bonito.

[O rodopio destravado acalma para a próxima semana e estarei de regresso. Com todas as estórias destes dois últimos meses e as expressões dos afectos que foram crescendo entretanto.]

06 setembro 2006

And then one day you find / Ten years have got behind you

Nao consigo pensar noutra pessoa com quem tivesse preferido passar a primeira hora do meu aniversario. Obrigada. Pelo de sempre, que se sucede em circulos pouco concentricos. Pelo que se renova a cada dia que passa e se reinventa ao sabor dos anos que crescem connosco.