24 julho 2006

Divórcio

Um divórcio é a mais brutal das emoções matrimoniais. Separar os livros que se juntaram na estante do escritório, dividir os pratos que se encomendaram na Spal naquele fim de semana de Outono, ou rasgar a velha escritura da casa comprada com o entusiasmo da inocência são pragmatismos que não se compadecem com um coração dilacerado.

Já estive nos dois papéis. Já fui a que abandona o lar de consciência culpada e já fui a que é dispensada da casa por alguém que mudou de rumo. Tive uma época da minha vida em que me angustiava ter a vida em caixotes. Depois segui em frente e continuei a viver, com as recordações dos amores partilhados e das ilusões quebradas. Já ninguém morre de amor e a vida é sempre mais forte. Cresce-se, aprende-se e melhora-se. Sempre.

À R., com a certeza de que o bom da vida ainda está para vir.

4 Somethin' Else:

Blogger APC escreveu...

Grande manifestum de exaltação e consagração da vida para além da mudança. De uniões e separações falei anteontem no meu espacito, se quiseres dar uma espiada um destes dias. A tua experiência dá voz à teoria que por lá anda. É real, é humana, é forte, é valiosa!
:-)

julho 24, 2006 10:53 da tarde  
Blogger SK escreveu...

Sim, recuperamos sempre. Talvez não com tudo o que levámos para lá, talvez alguma da cicatrização mude necessariamente a consistência e morfologia da pele. Mas sobrevive-se. Sempre. :)

julho 25, 2006 9:33 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

começam a ser cada vez mais recorrentes os exemplos de separações e penso que mudamos bastante com elas, ficamos carregados de características negativas mas ficamos igualmente mais fortes ou, para alguns, mais indiferentes. eu costumo sempre dizer que o que conta é termos a consciência limpa, a noção de que fizemos tudo pra que não houvesse separação e a certeza de que não fomos uns canalhas brincalhões, uns egoístas ou uns farsantes. se merecermos, fizermos por isso e formos dignos, não faltarão oportunidades de fazer esquecer o que doeu e se isso não acontecer a ferida vai sarar, inevitavelmente, na pilha do relógio...

julho 26, 2006 2:49 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

...Dizem que quando damos o melhor de nós proprios é porque estamos a evoluir..
...O importante - na minha perspectiva - é perceber que Tudo na Vida é Ciclico e que, quando algo muda, nao significa o Fim, mas sim o Inicio de outro ciclo.

setembro 13, 2006 8:28 da tarde  

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