02 fevereiro 2007

Reverse cultural shock

Há uma faixa de amigos (Navel, Guronsan, Coroneu, Jô) que por aqui passam que sabem do que falo. Já nos doutrinaram nos vários síndromes do Expat-Repat, já conhecemos casos mais graves do que os nossos, já por lá passámos, de lá saímos e para lá estamos prontos (quiçá?) a voltar.

Há resíduos, no entanto, que permanecem. Hábitos que incorporámos e que, apesar da sua absoluta e total falta de aplicabilidade pragmática na realidade para a qual voltámos, seguem entranhados nos nossos instintos. Não virei gringa ao ponto de defender até à irracionalidade o modus vivendi americano, mas à medida que o tempo se vai escoando há detalhes que deixam carências.

Nos países ditos latinos - e, por inerência, em Portugal que é o que nos interessa - as relações sociais-sexuais-emocionais produzem-se num emaranhado de interesses, invejas, ciúmes, raivinhas, luxúrias, casos-mal-resolvidos, disfarces e gulosices que me incomoda. Por comparação/oposição, nos países de herança anglo-saxónica - e, por inerência, nos EUdaA que é o que me interessa - o jogo socio-sexo-emocional é feito com maior descontracção e melhor fair-play. Bons e maus, defeitos e virtudes, gostos e ódios fora da equação, o que resulta é uma vivência emocional quotidiana mais transparente para os anglo-saxões, que lhes deixa, inclusivamente, a cabeça liberta para o que realmente importa fazer na vida.

Acho que acabei de descobrir que a falta de produtividade nacional está intimamente ligada à portuguesa forma que temos de nos preocuparmos mais com um eventual parceiro do que com a nossa própria vidinha.

2 Somethin' Else:

Blogger Nuno Guronsan escreveu...

Perhaps, perhaps, perhaps...

O que eu sei, da minha experiência, é que ainda há países piores do que Portugal, onde uma relação, para além de ter de ser gerida por duas pessoas, ainda tem à sua volta um nunca acabar de regras e preceitos que deixariam qualquer "latino" à beira de um ataque de nervos...

Trabalhamos com o que nos dão e não com o que queremos? Não faço a mínima ideia...

Beijo.

fevereiro 02, 2007 6:28 da tarde  
Blogger A escreveu...

Depende...

Minha cara, como em tantas outras coisas na vida, depende daquilo que se faz, eu acho, e acima de tudo, a que ponto se gosta realmente do que se faz.

Muitas áreas (para não dizer quase todas) não têm grande oportunidade de vingar no nosso país, mas não será concerteza por essa ambição de ter uma "vidinha" que as pessoas deixam de dar mais na sua área ou até mesmo de querer ir mais além...

Poderás eventualmente dizer que se nivela por prioridades, e que as pessoas acabam por dar prioridade à sua vida sentimental em detrimento da vida profissional. Eu não vejo as coisas dessa forma, sinceramente.
Gosto de fazer o que faço onde faço, mas pondero muito ir trabalhar para fora e dentro da minha área :)

Why not?

A questão é que mesmo a vida profissional, tal como a pessoal, não é encarada, na minha perspectiva, como uma linha ininterrupta, mas algo que posso e devo recriar ao longo da minha existência.

Beijos

fevereiro 05, 2007 7:12 da tarde  

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