Prémio "mereço entrar num reality-show da TVI" do ano
Enquanto os cafés arrefeciam nas chávenas pousadas numa mesa de shopping à espera da hora do filme, eis que ouvimos uma voz um pouco mais alta do que o habitual na mesa do lado. As cabeças voltam-se, discretamente, e vemos um casal; ele, bem apessoado, com aquele look ursinho-de-peluche-nunca-fiz-merda-na-vida, enfiado numa camisa da Lion of Porsches e os seus 28, 29 anos; ela, morena, apetecível ao primeiro olhar e dispensável ao segundo (seja lá isso o que for, foi o que me disseram), unha do pé vermelhusca, penteado de cabeleireiro do dia anterior, t-shirt da H&M e os seus 30, 31 anos.
Ela fala, ele não. Ela enclina-se na direcção dele, gesticula com as mãos e pontua cada final de frase com um movimento seco da cabeça na direcção dele; ele roda os polegares das mãos que tem pousadas sobre a mesa, bate o calcanhar esquerdo contra o chão e mira, ora o cinzeiro, ora os meus olhos (que eu estou logo em frente e sou descarada à brava).
A sujeita barafusta à força toda "porque num dia sou tua namorada, no outro não, nunca sei com o que conto, mudas de opinião e desapareces e depois voltas à espera que me apeteça estar contigo outra vez, nunca assumiste nada e tem dias que parece que tens vergonha de mim, não sabes o que queres e enganas toda a gente, sabes lá o que eu trabalhei para cuidar do teu filho e para te ajudar e tu não me dás valor nenhum, e a minha mãe!, a minha mãe que te adora e que não percebe quando deixas de aparecer lá em casa, isto assim não pode continuar, ou é ou não é, se não for pegas nas malas e voltas para casa da mamã que eu não sou tua empregada para andar a dias..."
E fiquei por aqui porque me chamaram a atenção para o facto de estar descaradamente a ouvir a vida privada de dois seres humanos e me arrastaram para o cinema. Se bem que eu acho que quem decide discutir as suas angústias matrimoniais num shopping à meia-noite de um Sábado até deve apreciar a audiência. :-P Fiquei sem ouvir a segunda parte da história, mas pela expressão na cara do miúdo a única coisa que o preocupava era que passasse alguém que o reconhecesse... Qual Fiel ou Infiel, qual quê! ;-)
Ela fala, ele não. Ela enclina-se na direcção dele, gesticula com as mãos e pontua cada final de frase com um movimento seco da cabeça na direcção dele; ele roda os polegares das mãos que tem pousadas sobre a mesa, bate o calcanhar esquerdo contra o chão e mira, ora o cinzeiro, ora os meus olhos (que eu estou logo em frente e sou descarada à brava).
A sujeita barafusta à força toda "porque num dia sou tua namorada, no outro não, nunca sei com o que conto, mudas de opinião e desapareces e depois voltas à espera que me apeteça estar contigo outra vez, nunca assumiste nada e tem dias que parece que tens vergonha de mim, não sabes o que queres e enganas toda a gente, sabes lá o que eu trabalhei para cuidar do teu filho e para te ajudar e tu não me dás valor nenhum, e a minha mãe!, a minha mãe que te adora e que não percebe quando deixas de aparecer lá em casa, isto assim não pode continuar, ou é ou não é, se não for pegas nas malas e voltas para casa da mamã que eu não sou tua empregada para andar a dias..."
E fiquei por aqui porque me chamaram a atenção para o facto de estar descaradamente a ouvir a vida privada de dois seres humanos e me arrastaram para o cinema. Se bem que eu acho que quem decide discutir as suas angústias matrimoniais num shopping à meia-noite de um Sábado até deve apreciar a audiência. :-P Fiquei sem ouvir a segunda parte da história, mas pela expressão na cara do miúdo a única coisa que o preocupava era que passasse alguém que o reconhecesse... Qual Fiel ou Infiel, qual quê! ;-)
5 Somethin' Else:
Privaci...quê?! ;)
Eu também não resisto a ouvir escândalos alheios... Se falam alto e eu estou por perto, eles é que me impõem a sua privacidade, não sou eu que me meto onde não devo.
E sim, há coisas muito caricatas que nos são dadas a assistir, então nos transportes públicos ouve-se cada uma! Qual TV qual carapuça.
Patrícia,
Bem vinda.
Esta malta é mais publici-qualquer-coisa. :-)
Lisa,
Absolutamente de acordo! Na semana passada vi um miúdo com a mão completamente afundada dentro das calças da miúda que ia com ele. E quando digo afundada digo até ao ante-braço. Fiquei vidrada a viagem toda a ver quando é que eles percebiam que toda a gente na carruagem estava a reparar na cena. Saí antes que acontecesse... ;-)
Obrigada, M! Eu fico por perto... :)
E continuarás a ser bem vinda. :-)
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