13 fevereiro 2006

Fiéis companheiros

Os meus são pequenos, medem 9 por 14 centímetros. Têm cadernos cozidos. O papel é fino, mas resistente, de excelente qualidade, aguenta esferográfica, carvão, marcador, caneta - sempre a negro. O branco das páginas é suficientemente impuro para não me ferir os olhos quando escrevo na praia. Uso-os sempre lisos, para deixar correr a vontade de margem a margem.


Uso as últimas páginas, aquelas que têm picotado, para as notas que pertencem a outras casas mas que a ânsia não deixa esperar. Têm capas pretas, duras, mas flexíveis. Resistentes à chuva, ao chá, ao suor, ao Martini. Cabem-me nos bolsos dos casacos, encaixam-se nas laterais das carteiras, escondem-se nos recantos do carro. Cada vez que desfloro um sinto aquele prazer absurdo que é estrear algo novo. Quando os encerro sinto-lhes o peso e deixo-os na secretária por uns dias. São caros, um luxo nos dias que correm. Mas o que lhes gravo por dentro merece.

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