26 junho 2007

Poeira de estrelas

Lá para o final do Verão deve chegar a Portugal a versão em filme de uma das mais brilhantes novelas ilustradas de sempre... Stardust.

O filme


A loja ;-)

Altamente recomendado a quem, ao crescer, soube continuar a sonhar com mundos de fantasia e personagens de mito...
Aproveitem, explorem o site do filme. O universo de Gaiman e Vess num ecrã. Se puderem, não deixem de ler o livro antes do filme chegar.

20 junho 2007

Os dois lados de uma mesma maldita moeda

(...)
Para um país com o tamanho e a forma de Israel (20 mil quilómetros quadrados alongados), provavelmente quatro ou cinco ataques serão suficientes. Adeus Israel. Um milhão ou mais de israelitas nas áreas metropolitanas de Jerusalém, Tel Aviv e Haifa morrerá imediatamente. Milhões sofrerão os graves efeitos da radiação. Israel tem cerca de sete milhões de habitantes. Nenhum iraniano irá ver ou tocar um único israelita. Tudo será bastante impessoal.(...)
Além de tudo isso, a liderança iraniana encara a destruição de Israel como um supremo mandamento divino, tal como um sinal da segunda vinda, e as muitas vítimas colaterais muçulmanas serão sempre encaradas como mártires na nobre causa. De qualquer forma, os palestinianos, muitos deles dispersos por todo o mundo, sobreviverão enquanto povo, tal como o fará a grande Nação Árabe da qual fazem parte. E, com toda a certeza, para se livrarem do Estado judaico, os árabes estarão dispostos a fazer alguns sacrifícios. No saldo cósmico das coisas, valerá a pena.(...)
Tal como durante o primeiro, o segundo holocausto será precedido por décadas de preparação de corações e mentes, tanto pelos líderes iranianos e árabes, como por intelectuais e órgãos de comunicação social ocidentais. Diferentes mensagens foram dirigidas a diferentes audiências, mas todas (de forma concreta) têm servido o mesmo objectivo – a demonização de Israel. Muçulmanos em todo o mundo têm sido ensinados que “os sionistas/judeus são a personificação do mal” e que “Israel tem de ser destruído.”De forma mais subtil, o mundo ocidental foi ensinado que “Israel é um estado opressor racista” e que “Israel, nesta época de multiculturalismo, é um anacronismo supérfluo”. Gerações de muçulmanos, e pelo menos uma geração no Ocidente, têm sido criados com estes catecismos.(...)

Artigo de Benny Morris publicado em Janeiro de 2007 no Jerusalem Post, citado na Rua da Judiaria por Nuno Guerreiro Josué

Increased violence between Israelis and Palestinians resulted in a threefold increase in killings of Palestinians by Israeli forces. The number of Israelis killed by Palestinian armed groups diminished by half. More than 650 Palestinians, including some 120 children, and 27 Israelis were killed. Israeli forces carried out air and artillery bombardments in the Gaza Strip, and Israel continued to expand illegal settlements and to build a 700-km fence/wall on Palestinian land in the Occupied Territories. Military blockades and increased restrictions imposed by Israel on the movement of Palestinians and the confiscation by Israel of Palestinian customs duties caused a significant deterioration in living conditions for Palestinian inhabitants in the Occupied Territories, with poverty, food aid dependency, health problems and unemployment reaching crisis levels. Israeli soldiers and settlers committed serious human rights abuses, including unlawful killings, against Palestinians, mostly with impunity. Thousands of Palestinians were arrested by Israeli forces throughout the Occupied Territories on suspicion of security offences and hundreds were held in administrative detention. Israeli conscientious objectors continued to be imprisoned for refusing to serve in the army. In a 34-day war against Hizbullah in Lebanon in July-August, Israeli forces committed serious violations of international humanitarian law, including war crimes. Israeli bombardments killed nearly 1,200 people, and destroyed or damaged tens of thousands of homes and other civilian infrastructure. Israeli forces also littered south Lebanon with around a million unexploded cluster bombs which continued to kill and maim civilians after the conflict.
(...)

Relatório de 2007 da Amnistia Internacional


O que é realmente assustador é que qualquer crítica às atitudes militares, políticas ou humanitárias de Israel é imediatamente confundida com anti-semitismo primário, numa defesa baseada apenas - na actual situação geopolítica - numa tragédia de proporções bíblicas que se passou há mais de 60 anos...

14 junho 2007

O amor como ele é

Hesitações, risos, lágrimas.

Há no "Lady Chatterley" de Ferran uma puerilidade intrínseca, um inatismo instintivo que descartam tudo o que foi algum dia feito em torno da obra de Lawrence. Sexo despido de sedução, cheio dessa animalidade tão humana que aprendemos a desprezar ao longo da vida em sociedade. Excitação e desejo em estado puro, sem máscaras ou artificialismos, cheios das brincadeiras que vêm com a descoberta do corpo alheio.

Esta é a estória de uma Constance e de um Parkin que só uma mulher, francesa e feminista, poderia filmar. Baseado na segunda das três versões que David Herbert escreveu sobre a senhora de Chatterlay ("John Thomas and Lady Jane"), este é um filme cru, no mellhor dos sentidos.

Cheio da cor, dos sons (o trabalho de edição sonora é brutal) e dos silêncios do cinema europeu (que tendemos a esquecer, afogados que andamos no hábito do espectáculo americano), "Lady Chatterlay" tem erros, crassos alguns, de planos; há meia dúzia de cortes abruptos e gags de edição. Que não chegam, sequer, para arranhar o trabalho de realização, já que tudo o resto... simplesmente está lá. A construção, crescente, das personagens que se definem no ecrã e que quase à sucapa nos entram pela pele. O riso espontâneo pelas graças inteligentes. As cenas de sexo que se repetem na dose exacta e que são filmadas do ângulo perfeito. As metáforas imagéticas e cénicas que acompanham o enredo sem se tornarem óbvias.

Uma corrida pela chuva e um jogo de flores que comovem porque chegam na altura exacta em que já nos identificamos com um casal real, de corpos verdadeiros e vontades reconhecíveis. Um final fiel ao instinto de Lawrence que recompensa a transgressão sem a transformar no proverbial conto de fadas. Brilhante.

Nomeado para nove Césares, arrecadou cinco: Melhor Filme, Melhor Actriz, Argumento Adaptado, Fotografia e Guarda-Roupa. Recebeu ainda dois Lumière (Melhor Actriz e Melhor Realizador), um Louis Delluc pela Realização, o galardão de Melhor Actriz do Festival de Cinema de Tribeca e duas Étoiles d'Or para Revelação Feminina e Melhor Filme.

Da crítica:
"Lírico, delicado e rude" (Cécile Mury)
"Uma crónica de amor, marcada por uma verdade profunda e uma honestidade comovente" (Ouest France)
"Recordando a origem do desejo e o seu amadurecimento" (Julien Elalouf)


Eu toco a tua se tu tocares o meu. Haverá algo mais real?

12 junho 2007

Memória (muito) curta

Dizia um título do "24 Horas" na passada segunda-feira: "Palmas para Cavaco e assobios para Sócrates" ao relatar as comemorações do dia anterior.

Eu lembro-me da carga da polícia de choque contra os trabalhadores vidreiros da Marinha Grande, dos “secos e molhados” no Terreiro do Paço, das cargas sobre as manifestações dos estudantes do ensino superior, da brutal agressão e carga policial sobre a população que em 25 de Junho de 1994 protestava buzinando na ponte 25 de Abril.

Eu lembro-me.

04 junho 2007

Rambling...

A pureza conceptual é, já se sabe, inalcançável. Mas, dentro da praticabilidade pragmática, a coerência é um esforço, consciente, que mantenho. No entanto, o peso - qual Atlas ;-) - da quotidianeidade, em particular quando está incontornavelmente recheada de mediocridade, abafa os tais esforços que enchem o Inferno...

Sem desculpas, sempre. Porque se a minha apatia afecta quem me pertence, a única responsável sou eu. Não é a água que quero sacudir do capote, é a viscosa presença de tudo o que me é alheio e que vai calcando progressivamente a vontade.

Damos por nós a relevar opiniões e presenças que, na realidade, nem sequer têm o direito de pertencer à nossa esfera. Acordamos ao som da procura de aprovação vinda de cantos remotos de existências falhadas. E, pior, sabemo-lo.

Há quem ache que essa auto-consciência seria meia escada percorrida na subida para a cura. Mas os factores exógenos, há medida que a vida nos cresce, querem sempre ser mais fortes do que o suado livre-arbítrio. E no jogo da corda cortar amarras é, por vezes, o mais difícil.

(Obrigada, J. Por lembrar que - apesar de louca - não estou sozinha... ;-) )
O filme é uma estopada. Enorme, confuso, cheio de efeitos desnecessários, personagens perdidos na trama, representações fraquinhas.

Salva-se, só, o grande Jack Sparrow. Brilhante, como no de 2003
.

Nobody move! Ive dropped my brain.

:-)