30 julho 2006

Morning after...

Update matrimonial, versão novo milénio: os noivos ficam a dançar e os convidados piram-se para uma noite de núpcias não sancionada com o santíssimo sacramento. Haja capacidade de improviso e jogo de cintura. Vivam a Quinta das Lágrimas e a autoestrada do norte. Haja Red Bull e força de vontade para o resto da semana. Vivam os casamentos e os amigos dos amigos.

Photo copyright: the one and only.

26 julho 2006

Vantagens do individualismo

Poder chegar a casa depois de passar mais de 200 quilómetros ao volante, naquele que foi um dia longo resultante de uma noite pouco dormida, e poder escolher, sem negociação, qual o DVD que se repete no leitor.

Não ter que convencer ninguém que um prato de farfalle com fiambre, ovo e nozes é comida de gente.

Poder andar nua pela casa sem ter que pensar para saber se me apetece ter sexo ou não.

Arriscar uma gripe por abrir as janelas todas sem necessidade de decreto-lei aprovado em assembleia doméstica.

Só falar do meu dia - ou do dia de quem quer que seja, for that matter - se estiver na disposição de pegar no telefone.


O cansaço faz de mim uma mulher muito individualista. Aguentem-se, meus amores, que amanhã já devo ter estofo para as vidas, gostos e carências que me sejam alheias... ;-)

24 julho 2006

Ausências

Àqueles que por aqui andam e que não tenho podido visitar, àqueles que me têm telefonado e que por não reconhecer o número não tenho atendido, àqueles a quem devo uma sessão de cinema, um café ou um afago, àqueles que vejo no meu inbox todos os dias ainda sem setinha de resposta no envelope, por favor creiam-me; é apenas pura e simples falta de tempo. Redimível logo que fisicamente possível.

É nosso e há-de ser

Porque o Porto é e sempre será corporativo, porque a cultura no Porto sempre foi melhor quando foi pública, porque a programação do Rivoli não tem tido pecados autárquicos. Pelas músicas que já lá ouvi, pelos actores que já lá me fizeram rir, pelas vozes que já lá me levaram às lágrimas, pelos filmes de terror que já lá me colaram à cadeira, também me oponho à iniciativa do Presidente da Câmara Municipal do Porto de concessionar o Rivoli Teatro Municipal a entidades privadas.

Casamento

Um dos meus melhores amigos casa-se no Sábado. É o primeiro casamento de alguém que me é realmente próximo a que assisto. É o primeiro amigo - com "a" grande como diria o outro - que se anilha oficial e religiosamente. E já nem sequer é cedo, eu já tinha idade para ter um bando de convites arquivados aqui na secretária. Mas sei que vai marcar. Porque é um daqueles amigos com quem crescemos e evoluimos como pessoa, daqueles com quem partilhamos tardes de Domingo na cave da casa dos pais a ouvir Nick Cave, daqueles com quem temos as primeiras discussões políticas, daqueles com quem nos picamos a ver quem publica mais artigos antes de entrar para a faculdade, daqueles a quem contamos todos os segredos menos um, daqueles de quem nunca esquecemos o aniversário, daqueles com quem vamos a Londres com baixo orçamento, daqueles com quem nos embebedamos nas Queimas, daqueles a quem conhecemos os amores ocasionais e por quem nos alegramos quando nos apresenta o último e definitivo.

O Amigo, o que vai casar, encontrou uma pessoa fantástica com quem partilhar a vida. Descobriu um amor que sei que vou celebrar daqui a 50 anos. E por isso fico contente. Por ele e pela minha teimosa certeza da durabilidade do amor. :-)

Felicidades, H. Ninguém, mais que tu, merece.

Divórcio

Um divórcio é a mais brutal das emoções matrimoniais. Separar os livros que se juntaram na estante do escritório, dividir os pratos que se encomendaram na Spal naquele fim de semana de Outono, ou rasgar a velha escritura da casa comprada com o entusiasmo da inocência são pragmatismos que não se compadecem com um coração dilacerado.

Já estive nos dois papéis. Já fui a que abandona o lar de consciência culpada e já fui a que é dispensada da casa por alguém que mudou de rumo. Tive uma época da minha vida em que me angustiava ter a vida em caixotes. Depois segui em frente e continuei a viver, com as recordações dos amores partilhados e das ilusões quebradas. Já ninguém morre de amor e a vida é sempre mais forte. Cresce-se, aprende-se e melhora-se. Sempre.

À R., com a certeza de que o bom da vida ainda está para vir.

WE Scrapbook

22 julho 2006

Plano tecnológico

Como é que eu vivi tanto tempo sem MMS??

20 julho 2006

Determinismo

A vida recompensa os audazes.

Fui educada assim e tenho-me guiado por este paradigma de actuação desde que funciono em sociedade. Há cerca de um mês atrás decidi mandar a estabilidade profissional às urtigas e viver em coerência com quem sou. Desde esse dia, vários factores se conjugaram para que esteja, hoje, no meio da minha dita instabilidade, muito melhor do que estava antes, na doce modorra que Portugal tanto gosta de impôr aos profissionais que por cá trabalham. Ganho mais, tenho mais desafios e vou começar a fazer algo que desejo há anos. Ter tomates para pôr o pescoço na forca compensa. Porque se mordermos a vida, ela morde-nos de volta.

Quem disse que eu já não tinha idade para trabalhar na noite?? ;-)

Egoismo, cobardia e falta de respeito

São uma mistura terrível. E quando se revelam, assim, disfarçados de dogma complacente e paternalista, compõem um combinado simplesmente execrável. Desprezível, vulgar e mesquinho. Pessoa dessas não podem ter lugar na nossa vida.

18 julho 2006

Prémio "Resposta do ano"

"Envio-te o número com uma condição, só: que o uses! ;-)"

17 julho 2006

Verdade insofismável do dia

Every man dies. Not every man really lives. (Desse clássico do sentimentalismo bélico-nacionalista... Braveheart)

Sabedoria em palavras

Waste not fresh tears over old griefs. (Euripides)

Weeeeeeee moment


Willy Wonka, Willy Wonka, everybody give a cheer

Minha culpa, minha tão grande culpa

Sou uma pessoa com doses industriais de imaginação e uma vida pragmática que me exige que, em setenta porcento do meu tempo, a cerceie. Daí a escrita, daí o blogue, daí as centenas de sms mensais, daí os telefonemas espontâneos às três da matina. Porque a minha imaginação é totalitariamente gregária e precisa de interlocutores, tenho a mania que sou um factor de surpresa e agrado nas vidas daqueles a quem quero bem - principalmente dos homens da minha vida, porque as mulheres acabam por não me inspirar muito. Não é defeito, é feitio; prefiro entender-me com mulheres em muitas coisas, mas não me despertam enlevo.

Acomodei-me, portanto, na posição presunçosa daquela que faz surpresas sem esperar retorno. Flores presas em sítios inesperados, postais ilustrados nas caixas de correio, livros escondidos em locais significativos, fotografias impressas em puzzles cartonados, bonecos de banda desenhada no tejadilho dos carros, de tudo já fiz para pôr um sorriso nos lábios daqueles que estimo, e habituei-me às reacções semi-embaraçadas pseudo-orgulhosas dos receptores. Mas caio sempre na asneira de pensar que dou sem esperança de retorno porque, simplesmente, as outras pessoas não são assim e não estão viradas para o mesmo mundo que eu.

É por isso com muito agrado que me fustigo em praça pública, num mea culpa contente, por ser desta feita a destinatária da mais arrebatadora das surpresas. [Vénia. Profunda.] Mas já congemino a retribuição... ;-) Em larga escala, porque eu é que sou a das surpresas... [Sweet, sweet smile.]

16 julho 2006

Amigos do alheio

Meus caros, um número desconhecido de filhos duma grandessíssima puta roubaram-me hoje o telemóvel. So, desde as quatro da tarde que estou morta para o mundo das telecomunicações móveis. O número irá manter-se o mesmo assim que receba a segunda via do meu cartão e compre um equipamento novo. Entretanto, todos os contactos que acumulei desde o meu primeiro Alcatel no ido ano de 1997 esfumaram-se nas mãos dos cabrões que me assaltaram. Portanto, toca a enviar emails com os vossos números, if you may. Assim que volte a ter o meu número up and running, aviso. Para já, é só um emprestado e para as emergências.

E, assim de repente, virei apologista da lei islâmica. Há uns quantos pares de mãos que eu própria cortava. Com faca ferrugenta. Hunf.

Quem é que se pode queixar...

... de uma vida cheia de pessoas assim, que partilham manhãs em frente à praia, ao sabor da brisa e das conversas descontraídas? :-)

Parece que estamos destinados aos Domingos mega-quentes, verdade? ;-)

15 julho 2006

Dance. Music.


O fim de semana começou com a companhia de Pete Tha Zouk. Infelizmente, no Act. A mais sólida representação nacional no que toca a djing e à produção de dance music rubricou uma actuação brilhante, que só pecou pela casa que escolheu. O público do Act é demasiado... mainstream para fazer uma casa acolhedora para um DJ com a qualidade de Tha Zouk. [Nada que chegue aos calcanhares do saudoso Locomia...] A ensombrar a actuação esteve também a vergonhosa ausência de ar condicionado e consequente temperatura média de 37 graus e uns 80 porcento de humidade. Mas o house ritmado que se ouviu esta noite, bem misturado e com os indispensáveis picos sonoros que o DJs portugueses tantas vezes ignoram, atestou a qualidade do autor do memorável remix do "Iberican Sound", de Chus&Ceballos. Tivesse havido casa e tivesse havido o público adequado e esta actuação teria estado ao nível da que Vitalic garantiu em Dezembro passado no Indústria. Em abono da verdade se admita, no entanto, que house me agrada muito mais do que electro. ;-)

13 julho 2006

Diz a Morte ao Sonho...


Let me tell you something, Dream. And I'm only going to say this once, so you'd better pay attention.
You are utterly the stupidest, most self-centered, appallingest excuse for an anthropomorphic personification on this or any other plane! ... An infantile, adolescent, pathetic specimen!
Feeling all sorry for yourself because your little game is over, and you haven't got the... the balls to go and find a new one!

(The Sound of Her Wings)

Já na altura...

Mas grinaldas de amor a escorrerem sangue dos espinhos, essas infiltram veneno corrosivo no pensamento, apagam no seio a faísca das nobres afoitezas, apoucam a ideia que abrangera mundos, e paralizam de mortal espasmo os estos do coração. (Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição)

Os antigos é que a sabiam toda... ;-) Qual platonismo mórbido, qual quê!

Uma questão de domínio

O maior dos problemas com a anorexia é a dificuldade de diagnóstico. As pessoas que convivem com o anorético numa base diária vão acompanhando as alterações físicas que vão ocorrendo sem delas se aperceberem. Reconhecem a palidez, a magreza, mas sem o efeito choque que só o distanciamento permite não são capazes de obviar a verdadeira dimensão da mudança.

No entanto, os sinais estão lá e são vários. Além da perda de peso e da alteração da tonalidade da pele que se segue ao inevitável princípio de anemia, há toda uma série de indicadores fisicos que permitem reconhecer o problema. As acentuadas quebra e queda de cabelo, a descalcificação das unhas - e em estados mais avançados - da própria estrutura óssea interna, a sensibilidade dentária exacerbada que é geralmente acompanhada de gengivas que sangram, o desregramento menstrual no caso das mulheres, alterações profundas no metabolismo basal (mecanismo que faz a gestão do racio entre a quantidade de energia ingerida sob a forma de calorias e a energia dispendida nas actividades físicas), desaceleração dos ciclos digestivos com principal incidência para problemas do trato intestinal, aumento da frequência respiratória, ritmo cardíaco irregular, diminuição da pressão arterial, aparecimento de uma leve camada de pêlo por todo o corpo (lanugem).

No entanto, é a nível comportamental que a verdadeira dimensão da doença se manifesta. A anorexia é uma doença do foro psicológico. É, simplesmente, uma questão de domínio do indivíduo sobre si mesmo. Tem a sua origem psiquiátria em distorções profundas da auto-imagem do indivíduo que podem ter raízes na insegurança física ou em problemas relacionais no círculo familiar (para apontar as causas mais frequentes). Não é, ao contrário do que é hábito pensar-se, uma doença restrita a mulheres adolescentes. Atinge também homens de qualquer idade e mulheres na sua vida adulta, embora seja mais difícil de diagnosticar nestes casos.

O anorético torna a comida na sua única preocupação. Todos os seus rituais diários são construídos em torno da alimentação, que acaba por se tornar no único elemento que o indivíduo consegue pragmaticamente controlar. A comida é pesada e medida, as calorias são contadas e não é raro que o anorético mantenha um registo escrito das calorias que consome e das que dispende e das horas a que o faz. Numa fase intermédia, a diminuição da necessidade de alimento é acompanhada por um aumento da necessidade de movimento, do tónus muscular, do processo cognitivo e da percepção do meio ambiente. O anorético é um viciado em comida e vai desenvolver uma série de mecanismos de camuflagem que lhe permitam mascarar o seu vício. Todas as refeições são ritualizadas, com a comida distribuída geometricamente no prato e comida em porções muito pequenas, a um ritmo muito lento. Tendencialmente, aumenta a necessidade de isolamento e a quebra dos horários tradicionais que obriguem a refeições conjuntas, como forma de ocultar a crescente diminuição da ingestão de alimento. A médio prazo e à medida que a comida assume um papel crescente na vida do indivíduo, surgem alterações na sua capacidade emocional, com o consequente afastamento dos círculos familiar, social e afectivo. O isolamento garante uma rede de segurança imprescindível à manutenção do processo de inanição voluntária e acaba por ser um desfecho natural até porque todas as pulsões afectivas, relacionais e sexuais desaparecem.

O diagnóstico por terceiros é o primeiro passo no caminho da cura. Reconhecer os sintomas e traçar um quadro fisiológico do grau de dependência é essencial para lidar com o anorético e para o levar a reconhecer que toda a sua estrutura de vida não passa do reflexo de uma dependência psíquica. Depois da admissão do problema o caminho é longo e, como com a heroína, dura toda a vida, porque a pulsão de voltar a controlar a comida nunca desaparece e porque as sequelas físicas se irão revelar e agudizar com o passar do tempo.

É uma batalha dura, duríssima, mas que pode ser ganha. Com coragem e ajuda.


10 julho 2006

Grooming and trimming

E não, não falo de cães. Refiro-me a homens, que são o sexo mais propenso à acumulação de pêlo corporal. Há cavalheiros que têm a dita de nascer um passo mais perto do Tony Ramos do que das mulheres. Não sendo culpa deles, não deixa de ser, ainda assim, sua responsabilidade. Eu tenho trauma com pêlo e, se há mulheres que aceitam de mão beijada um corpo recoberto de camuflagem biológica, a mim incomoda-me. Exijo o mesmo respeito que eu demonstro ao livra-me da pilosidade com que acho que a natureza me dotou em excesso.

Para o torso, as soluções são simples, razoavelmente económicas e quase indolores. Para além da tradicional cera para costas e antebraços (medida que felizmente já se popularizou entre os homens mais pilosos deste nosso país de praias), existem umas maquininhas, que toda a gente conhece dos cabeleireiros, e que, adaptadas, servem para aparar o restante pêlo corporal. Ou seja, reduzem-no a um comprimento aceitável, à vista e ao toque.

Mas agora chegamos à parte delicada e que muito desagrada ao macho lusitano: a grooming and trimming da área genital. Ah pois é, ou vocês acham que o brazilian wax é um conceito que só se aplica aos montes de Vénus e vizinhos??? Estava a brincar, não espero que arranquem pêlos do escroto à base de cera quente e puxão. (Doeu, não doeu??) Mas acho que posso incluir nos requisitos mínimos de admissão que usem as ditas das maquininhas na zona que intercala o final da barriga e o início do prepúcio, com o intuito de reduzir o pêlo púbico a uma quantidade higiénica e aceitável.

A bem dizer, o ideal é que se apliquem a valer e usem a bela da gillette no já referido escroto. Garanto que as reacções ao resultado obtido serão bem mais entusiásticas. É que, sabem... As mulheres não são assim tão diferentes dos homens. Regral geral, também não gostam de tocar num corpo cheio de pêlo.

E para quem acha que estas questões só me ocorrem a mim, pensem outra vez. Há quem vá muito mais longe. :-)


Aloé vera, aloé vera

Deixei-me ficar ao sol que nem uma doida no fim-de-semana. Resultado? Reacção alérgica ao dito do astro.

O prurido é uma das piores coisas deste mundo. :-S Está lá em cima logo ao lado dos Bush e dos insectos.

06 julho 2006

Falem-me dos australianos, falem...

Manolo Cardona

Colombiano, meninas, colombiano. Qual Shakira e cocaína, qual quê! ;-)

Para quando, Castelo Lopes*, para quando??

Porque não têm ideia de como o cinema colombiano pode ser bom.

Y porque el español suena muchisísimo mejor si lo hablas a la suramericana... ;-)


* Ou outro qualquer, Medeia, Lusomundo, tanto se me dá.

Fazer das tripas músculo cardíaco

Maria é nome de mulher. Fonte de vida, protectora da crença, defensora da fé.
Maria mantém-se até aos nossos dias no imaginário humano como o símbolo primeiro da bondade. Ela representa a pureza original, a entrega apaixonada, a maternidade enlevada, o sofrimento filial.
Maria será, podemos dizer, a mulher original. O sagrado feminino de que tanto ouvimos falar, encarnado no corpo e na alma de uma mãe que abraçou o seu destino divino e que nos deixa, através dos tempos, os ecos de uma inspiração exemplar.
Persiste, em todas nós, algo de Maria. Na força que nos anima a ir mais além a cada dia que passa, na coragem de amar o outro mais do que a nós mesmas, nos nossos sorrisos de mães, de esposas, de trabalhadoras, de cidadãs. Maria permanece em nós, mulheres, como a melhor e mais fiel das companheiras; aquela que nos mostra, através dos relatos da sua vida, como pode a crença na moral e na bondade ajudar a construir um mundo melhor. A imagem de Maria, que hoje honramos, deve ser a luz que nos guia, nas nossas vidas, nas nossas casas, nos nossos empregos, nas nossas famílias; deve ser a luz que nos mostra o caminho da alegria, da entreajuda, do esforço diário pela melhor acção possível.
Maria... é nome de mulher. Nome de Amor.

Há anos que me cravam (ou pedem) os mais variados textos. Letras de música, descrições para anúncios, cartas para pessoas que não conheço, sempre na lógica do "anda lá, põe aí qualquer coisa no papel, daquela maneira que tu fazes". E prontos. É tipo video-on-demand, percebem? É a tábua-rasa mais linda dos conceitos de criação, génio e inspiração.

Mas eu acho piada e, na maior parte das vezes, até escrevo. Tirando as cartas que, essas, só as minhas porque tem que ser com muito amor. Desta vez foi uma amiga que me pediu um texto para a mãe ler na igreja (católica) no passado Sábado, por altura duma celebração de Maria. Ora, eu sou uma ateia empedernida. É tipo ser heterossexual, o resto não funciona cá comigo, é a ausência do divino e ponto.

Entende-se, pois, que este tenha sido o texto mais suado dos últimos anos. Custou horrores escrevê-lo (quase uma hora e meia) e foi pensado ao milímetro para não me sentir hipócrita. Aqui fica, para mais tarde recordar. :-)


05 julho 2006

Stop. Breathe. Open your eyes.


Train-whistles, sweet clementine
Blueberries dancers in line
Cobwebs, a bakery sign
Ooooh - a sweet clementine
Ooooh dancers in line
Ooooh
If living is seeing
I'm holding my breath
In wonder, I wonder
What happen's next?
A new world
A new day to see
See, see
I'm softly walking on air
Halfway to heaven frontier
Sunlight unfolds in my hair
Ooooh I'm walking on air
Ooooh to heaven frontier
Ooooh
If living is seeing
I'm holding my breath
In wonder, I wonder
What happens next?
A new world
A new day to see
See, see
To see...


New World, 'Selmasongs', Björk (Dancer in the Dark OST)

Photo copyright: © Larry Towell / Magnum Photos


03 julho 2006

"Abril"

O telemóvel vibra na carteira e o sorriso desviado que me envias do lado de lá da mesa de jantar antecipa-me o que vou ler. Descontraidamente respondo-te à provocação e, como sempre, subo a parada. Detalho-te em palavras o que te vou fazer e deixo por dizer o que sabes que vou murmurar. Conheço-te as reacções; quando recolhes o telemóvel da toalha sei que no final da mensagem vais ajustar-te melhor na cadeira e engolir um copo de água sem abrir os olhos. É aí que me levanto e recolho ao cubículo destinado às mães e suas crias.

Acabo de fechar a porta sem a trancar quando a empurras novamente para dentro com um excesso de energia que me prova que não vou ter que esperar demasiado. Entre dois corpos que se conhecem há tantas noites como os nossos não há lugar a hesitações; com a mão esquerda nas minhas costas cinges-me contra ti enquanto com a direita me arrepanhas o cabelo na base da nuca para me inclinares a cabeça para trás e mergulhares a tua boca na minha. Encosto-me à parede e envolvo-te a cintura com o joelho direito, fazendo-te perceber que tive a boa educação de me livrar da roupa interior antes que chegasses.

A indiferença simulada esfuma-se e na tua respiração pesada, como nos teus gestos já sôfregos, leio a necessidade do teu querer. Mas eu tenho os meus próprios ritmos - não é à toa que me acusas de teaser - e demoro-me a abrir a fivela do cinto, tomo o meu tempo com os botões dos jeans, páro a mão sobre o tecido dos boxers, sentindo-te através do algodão durante o tempo que preciso para equiparar o meu desespero ao teu desejo. É um jogo quotidiano nosso, este toque indirecto, esta provocação em redondilha que nos obriga a evitar o óbvio até que ambos tenhamos vontade de gritar. E é um grito abafado que solto quando me ergues com o braço esquerdo e, sem espaço para equilíbrio ou movimento, me marcas as costas contra a parede ao mesmo tempo que te sinto entrar dentro de mim, abrupto, com um movimento único que me congela a respiração.

02 julho 2006

Epifanias de uma noite de Sábado

Esta noite descobri que sou lida por conhecidos sem o saber. [O que me desperta toda uma nova consciência social, sem no entanto me inculcar a menor dose de bom senso.]

E começo a chegar à conclusão que sou mais lida por homens mas mais comentada por mulheres. [O que me parece, no mínimo, estranho, para não ofender ninguém com o adjectivo "suspeito". ;-) ]